terça-feira, 23 de setembro de 2008

poetas mortos

Fui à floresta viver de livre vontade,
para sugar o tutano da vida.
Aniquilar tudo o que não era vida.
Para,
quando morrer,
não descobrir que não vivi.


(Henry David Thoreau)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

murmúrios


As palavras esgotaram, mas nunca esgotaremos os silêncios.
Fala-me em silêncio.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

despida no vestido vermelho


ontem, vinhas no vestido rasgado, no vestido sujo,
o vestido era curto. tinha pó.
tinha vergonha. tinha angustia espelhada.
tinha medo e loucura, e era vermelho.


hoje, despiste o teu vestido.
tinhas vergonha dos rasgões, do pó,
da angustia que ela deixava transparecer.
quiseste esconder o medo e a loucura do teu vestido vermelho.


despiste o teu vestido.
deixaste a nu a tua alma negra.


e agora queres procurar o teu vestido.
mas já alguém o lavou,
já alguém o cozeu,
já alguém o engomou.
e agora anda outro alguém com o vestido vermelho.


a tua ganancia e a vergonha do tempo que passou pelo teu vestido deixaram-te nua.


nua, numa alma negra.