Um dia destes, entre uma longa conversa com uma amiga, confidenciei que sentia falta de Portugal. Ao que ela me respondeu: não, tu sentes falta das pessoas que deixaste em Portugal.
Na altura concordei com ela, mas, com o passar do tempo apercebi-me que são coisas distintas. E sinto falta de ambos. Sinto falta das minhas pessoas, da nossa gente, é óbvio. Mas, sinto também falta de Portugal.
As coisas mais corriqueiras do dia-a-dia ganham dimensões estonteantes. O bom dia, os dois beijinhos, o pudim boca doce, o pastel de nata, o sorriso, o “come mais um bocadinho, vá”, o mar, o fado…
Tudo. Portugal, não é apenas um país, é uma alma. A alma lusitana. A nossa alma.
Desengane-se quem pense, como eu sempre pensei, que quem sai do país se desapega das raízes; muito pelo contrário, enraizamo-nos mais, muito mais.
Ouvir falar português pelas ruas, é chegar a casa. Ler algures algo escrito na nossa língua, no meio de tantas palavras na língua de outrem, é reconfortante.
E aí, encho a boca de orgulho para dizer, eu sou Portuguesa.
Dizem que a nossa palavra saudade, é a sétima palavra mais difícil de traduzir de todo o Mundo. A verdade é que, nós, portugueses no estrangeiro, pudemos sentir todas as letras, todos os sons, todos os silêncios, todos os gemidos, todos os sorrisos e toda a dor da palavra saudade, quando nos lembramos da cor, do cheiro e do calor do nosso Portugal.