sexta-feira, 27 de junho de 2008

Caminho

Fala-me das viagens, das pessoas... foste a correr pelo mar, nem te vi! numa triste demora de uma esperança, vi a tua alma, tão transparente a molhar a areia. avançaste pelo destino inquieto,
com o olhar de quem quer ser dono do desconhecido. flutuaste por ai, sem falar. foste iludindo as ilusões esquecidas. impediste o previsível. e venceste. deixaste tudo. mas venceste. sozinho.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Espiral

Suspiraste em mim, no sangue frio da noite. Quebraste o final da madrugada, com o respirar da flor. Tocaste a pintura distante, com os dedos frios a queimar de medo. E fugiste. Foste a correr pelos paraísos dos teus olhos, cansados da viagem longa de dormir. Morreste-me, onde cantaste a canção de embalar ao Mundo. Foste a razão da excepção da regra. Sussurraste mil perdões enquanto te rias a morrer num desespero tão feliz. Continuaste num nada, a pisar as pedras e a rasgar a pele das mãos.

Nunca ouviste as minhas palavras. Jamais entenderás o meu silêncio.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Amor eternamente mal amado


Tive um amor para sempre,
mas terminou antes de eu dar conta.
Deixei-o ir com todos os sonhos cintilantes,
espalhados pelas praias das almas.

Aquele meu amor que era para sempre jamais voltará!
Ficará para sempre esquecido numa lembrança que atormenta.

Agora, amarei apenas...
Não amarei para sempre e assim tenho a certeza que amarei toda a vida.

Pretérito mais que perfeito


Vivi um pretérito imperfeito,
ainda assim foi perfeito na sua imperfeição.
Quem sabe um dia,
um pretérito mais que perfeito,
após a imperfeição perfeita deste meu pretérito.

Sei que escondidas entre as perfeitas imperfeições,
guardo imperfeitas perfeições.
E essas bastam para valorizar as pequenas perfeições
que cintilam entre todas as imperfeições.

Se fosse perfeito o meu pretérito,
hoje viveria apenas de imperfeições.
E que presente mais enfadonho,
um presente de noções imperfeitas.

... Assim,
vivendo um imperfeito pretérito,
hoje brindo com o presente às perfeições da vida.

domingo, 15 de junho de 2008

Retrato


Tenho lágrimas confusas que insistem em molhar-me o rosto, e por isso escrevo. na esperança, talvez, inocente de não pensar, de não reflectir, de não existir. desfilam na minha lembrança todas as memórias perdidas na minha existência. e em todas elas existe uma lágrima. ora uma lágrima desesperadamente infeliz ora uma lágrima tão límpida como o meu sorriso em dias tão risonhos como eu. segui um caminho. fiz escolhas. deixei para traz tantas promessas. deixei para traz tantos abraços. hoje choro. não sei se fiz bem, se fiz mal. sei que fiz e isso basta para sorrir e para chorar. não sei se vou reencontrar as pessoas que passaram a correr na minha vida, pessoas que saíram da minha vida bem antes da despedida. não sei se vou ganhar coragem de assumir o meu coração, se vou continuar a ser apenas eu quando escrevo. se ganhar coragem, dir-te-ei que te amo. eu sofro. mas sofro em silêncio, numa lágrima sufocada quando todos vão embora, e eu fico. fico na minha consciência. fico em mim, apenas eu. eu sofro num silêncio que doí, num silêncio que mata. sofro no meu silêncio. não sofro por sofrer durante um abraço fingido. sofro no momento exacto em que ninguém pode fingir um sentimento num abraço.

(e nesse momento choro por não ter um abraço sincero)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

O Baile

Tu.
Eu.
Nós.
O vazio.
O silêncio.
A música.

Tu, eu, nos, o vazio, o silêncio e a música.

O vazio dançou contigo,
eu dancei connosco,
o silêncio e a música dançaram juntos, tão afastados mas tão cúmplices...

Trocaram os pares.
Eu dancei com o vazio,
Tu com a música,
E o silêncio connosco...

Por fim,
Eu dancei contigo, voando em teus braços de veludo.
A música dançou connosco e envolveu-nos num beijo profundo.
O vazio e o silêncio sorriram, e saíram levemente...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Asas de Anjo


Um dia ensinaste-me a voar, depois roubaste-me as asas.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Criança


Olhei para uma criança e vi um olhar, vi uma lágrima persistente. vi um grito a ecoar na sua alma. olhei para uma criança e vi o medo. vi a inocência perdida nas mãos cruéis da noite. olhei para uma criança e vi uma esperança morta, vi um silencioso pedido de ajuda. olhei para uma criança e vi todas as noites passadas em branco a rezar a um Deus que a abandonou. olhei para uma criança e vi o meu reflexo no espelho da vida.

domingo, 8 de junho de 2008

Amor de Sal

Olho para ti e choro porque sei que nunca serás meu.
Vens e vais em segredo, és livre e és livre de o ser.
És senhor dos teus desejos e das tuas ambições.
Tocas o meu corpo e despes a minha alma,
elevando todo o meu ser ao mais brilhante horizonte.
Amas-me mas deixas-me despida.
Beijas o meu corpo. Molhas toda a minha pele.
Pegas-me deixas-me sentir-te,
para depois me largares por aí.
Deixa-me ser tua, oh Mar!!

Lar

Moro onde os nossos corpos cansados se unem. onde me tocas em segredo. onde te toco a medo. moro nas noites da tua memória. moro na paixão de um beijo perdido na imaginação de alguem que sonhou. moro no fundo do nosso ser. moro em ti, e és tu o meu abrigo. moro onde andamos de mãos dadas. moro onde num sorriso puro demos a volta ao Mundo.

Gritos Mudos

Qual é o sentido das minhas palavras?
Qual é o sentido das minhas dúvidas?
Quem me responde às minhas perguntas?

Escrevo porque não tenho quem me oiça, e quem me ouve, não ouve as minhas palavras, ouve as suas palavras em gritos mudos saídos dos meus lábios. As minhas dúvidas cobrem o meu peito de luto. As minhas perguntas afastam-se num eco de paz tão inventado.

Não fales, se não sabes o que dizer. Não quebres o silêncio...

Posso ser eu?


Não me peçam para não chorar. não me limpem as lágrimas. posso ser eu? por minutos deixem-me ser eu. não me abraçem agora. não me digam que não vale a pena. posso ser eu? deixem-me cair. deixem-me dormir. deixem-me morrer. posso ser eu? só hoje, só por minutos. não quero um beijo na testa. não quero um sorriso por pena. não quero lenços perfumados. quero apenas ser eu. posso? posso ser eu por minutos? deixem-me sofrer. deixem-me sentir. deixem-me encontrar-me.

Labirinto


Suspira, devagar....

Estende-me a tua mão.

Suspira, devagar.

Quente.

Leva-me à descoberta de fadas.

Devagar, suspira.

Quente.

Sonha comigo uma realidade de fantasia.

Suspira, devagar.

Quente.

Ouve a minha voz, calma.

Devagar, suspira.

Quente.

Deixa o vento beijar a tua pele.

Suspira, devagar.

Quente.

Sente o sol a queimar-te.

Devagar, suspira.

Quente.

Lembra-te do que já foste.

Suspira, devagar.

Quente.

Estende-me a tua mão....

Eu fiquei

Olhei e vi-te sair.

Eu fiquei.
Fiquei perdida entre as fotografias.
Fiquei perdida em mim,
na tua ausência.
Fiquei perdida numa lágrima.
Fiquei perdida num pensamento,
em ti.
Fiquei perdida num sorriso.
Fiquei perdida numa recordação.
num segundo.
E,
Foi nesse segundo em que fiquei perdida em ti,
e em que me encontrei na tua ausência,
Que ….
Olhei e vi-te sair.

Eu fiquei.

Mundo Morto

Tenho um segredo,
guardado na boca do Mundo.

Um segredo que o vento espalha,
e ninguem ouve.

Tenho um fado espalhado na fé,
e ninguem ousa canta-lo.

Uma melodia que se ouve no silêncio,
mas todos gritam.

Tenho um segredo,
guardado na boca do Mundo,
e todos o procuraram e ninguém o encontrou.

Sou

Sou uma voz sem rosto,
querendo soltar um grito.
Sou um sorriso imposto.
Sou um fantasma, sou um mito.

Sou uma lembrança vaga,
de uma passado que ficou.
Sou doce e sou amarga.

Sou a brisa que passou

Sou o arrepio.
Sou um oceano cheio,
Sou o vazio.

Sou tudo e sou nada.
Sou o dia.
Sou a noite de madrugada.

Estou farta

Hoje vou apenas escrever.
Será que vais ler?
Será que vais sorrir? Agora, neste exacto momento?
Não sei e sei que estou farta.
Estou farta das metaforas, estou farta de ambiguidades,
mal de mim que ambígua sou.
Não quero falar do fado, não quero falar da saudade.
Não quero falar do pecado.
Não quero ter razão. Não quero estar errada.
Não quero saber da verdade.
Não quero rimar, nem escrever um soneto.

Hoje vou apenas escrever.
Mais nada.

O futuro de hoje

Amanhã,
amanhã quando acordar vai ser hoje.
Hoje, vai ser passado,
e hoje o amanhã é futuro.
Nesse tal futuro planeado, morrerá a esperança de um futuro sem planos,
e na esperança planeada de um futuro de amanhã,
morrerá, tambem,
o hoje.

Cansada

Olho para o lado e morro,
cansada....

Olho para o lado e sorrio,
cansada....

Olho para o lado e vivo,
cansada....

Olho para o lado e choro,
por morrer a sorrir e por viver a chorar....
....Cansada!